Taylor Momsen deu uma entrevista para a
Illinois Entertainer Magazine onde falou sobre a possibilidade de sair dos EUA após a eleição de Donald Trump, sua casa na Nova Inglaterra e o período difícil após a Going To Hell Tour. Confira:
Batman tem a sua Batcaverna para um recesso. Superman tem sua Fortaleza da Solidão. E a roqueira/atriz/artista Taylor Momsen tem seu próprio esconderijo fora do mapa, um lugar idílico em uma parte não especificada da Nova Inglaterra, onde ela vai regularmente para recolher seus pensamentos, criar novas pinturas e esculturas, e geralmente recarregar suas baterias criativas. E indo para fora das prateleiras ela se encontrou, é a única maneira de sobreviver no agitado negócio da música na qual ela entrou quando formou sua banda de rock The Pretty Reckless em 2009, quando estava no auge de sua quinta temporada interpretando Jenny Humphrey, papel muito popular do seriado da CW, Gossip Girl.
Mas a cantora também mantém um apartamento em Nova York - "Um minúsculo buraco de merda no lower East side", ela zomba. Mas é a existência serena do seu retiro fora do país que verdadeiramente a motiva, e é onde ela encontrou a clareza para cavar profundo filosoficamente no novo e terceiro álbum do seu grupo, Who You Selling For. "Eu gosto de ir pra lá depois de voltar de uma longa turnê", ela revela. "Simplesmente porque você fica tão cercado de pessoas na turnê que lá é bom para fugir. Mas quando eu sinto que já estou lá por muito tempo, eu começo a me coçar pela vida urbana, então eu volto para a cidade. Eles não estão muito longe um do outro, por isso não é tão ruim - Eu posso ir e voltar muito facilmente."
O que é tão especial sobre o seu referido retiro? Momsen suspira. "É muito isolado, e é muito longe de pessoas", diz ela, comparando sua localização com algo parecido a uma novela de horror do Stephen King - A Hora do Vampiro ou O Iluminado , talvez. "É muito pequeno e muito artístico - Eu tenho uma mesa de arte, um sofá, uma cama, uma televisão, um piano, e um bilhão de guitarras em torno de mim, uma cozinha e um banheiro. Há muitas árvores, e eu não estou muito longe da água - Eu não tenho um barco, mas um amigo meu tem. Então eu saio e apenas me sento lá. Ficar apenas sentada no meio do oceano. Isso é muito impressionante, porque absolutamente e literalmente, é no meio do nada". Ela faz uma pausa, deslocando rapidamente para um modo de humor negro. "Até a hora que um tubarão aparecer. E então estará tudo acabado."
Por opção própria, Momsen tem ao seu redor apenas sua cadela - uma maltês chamada Petal - como companhia. Não há muito do cotidiano louco em sua propriedade para distraí-la, tampouco, embora se você dirigir um pouco ao redor, você verá galinhas, patos, galos, aqui e ali, de propriedades dos seus vizinhos mais próximos. Que, na verdade, não são realmente tão próximos assim. Mas ela se adaptou bem. Graças a suas atividades de quando mais jovem, ela nunca teve muitos amigos enquanto crescia, e ela sinceramente acredita na obviedade moderna que todo mundo tem uma agenda, e que raramente inclui você, então se acostume com isso. "As pessoas não são confiáveis, mas os animais vão te amar até o dia que eles morrem - eles não têm nenhuma agenda", diz ela.
Há muitas aquarelas, desenhos a carvão e esculturas ao lado desta mulher também. Mas ela se recusa a ter uma galeria de exposição ou até mesmo deixar alguém vê-los. "É a única coisa artística que é apenas meu, não do mundo", explica ela. "Eu faço um pouco disso, e eu diria que minha arte é o expressionismo abstrato, tipo sombria, eu acho. Eu não quero descrever qualquer coisa detalhadamente, porque, novamente, essa é a única coisa que eu tenho que é pessoal. Mas eu não diria que têm muitos tons claros nelas". Ela ri maliciosamente. "Uhh, é um pouco como a nossa música. Eu vou e começo algo, mas não tenho certeza sobre isso, então depois volto pra aquilo mais tarde, é tipo como a composição - é apenas algo que é terapêutico e mantém minha mente aberta. Isso ajuda nas composições para mim, porque isso mantém o meu espírito criativo, mesmo que seja apenas um hobby meu". E não, ela acrescenta, ela não fez a pintura de carvão de si mesma que está na capa do novo álbum. Foi feita por um amigo que deseja permanecer anônimo, alguém que ouviu os novos hinos como "Already Dead", "Oh My God", "Living in the Storm" e "The Devil's Back" e esboçou algumas peças adequadamente esqueléticas. "E que atingiu a todos - todos escolheram esse desenho como nossa capa, porque ele diz tantas coisas e nada ao mesmo tempo", diz ela.
Momsen, agora com 23 anos, tem sido muito feliz em estar sempre sozinha. Talvez devido à vida showbiz acelerada que ela sempre levou. Nascida em St. Louis, ela começou a trabalhar como modelo aos dois anos de idade, foi contratada por agências de alto perfil como a Ford e a IMG, e apareceu em campanhas para New Look, John Galliano, e na linha de moda da Madonna, Material Girl. Como atriz infantil, ela garantiu papeis de filmes cobiçados como Cindy Lou Who ao lado de Jim Carrey em O Grinch, 2000. Logo, ela estava trabalhando com grandes diretores como Gus Van Sant (em Paranoid Park ), e em seguida obteve um grande papel em Gossip Girl em 2007, em que ela apareceu por quatro temporadas antes de ir desaparecendo progressivamente até estar totalmente fora. Fãs desanimados podem ter pensado que era apenas um golpe de sorte, possivelmente alguma brincadeira não séria que iria revelar um desvio momentâneo, mas ela estava falando sério sobre sua busca pela música. Ela deixou o programa e não aceitou nenhum outro papel desde então.
Superficialmente, Momsen apresentou uma frente lúdica no início, contando com exagerados adereços de palco como espartilhos, cinta-liga na coxa, oscilando com saltos de stripper, e rimel no estilo guaxinim. Hoje, ela olha para as fotos antigas de si mesma e pensa - "O que eu estava pensando?" ela se pergunta. Mas hey - ela tinha apenas 15 anos na época, e seu radar fashion foi totalmente genuíno, diz ela, é a representação de quem ela era na época. "Mas eu olho para trás agora e digo 'Cara - isso foi uma péssima decisão de roupa ali'", ela ri. Mas, nos bastidores, ela tinha se ligado com o produtor Kato Khandwala, e foi metodicamente tentando encontrar seu som ao longo de um período de dois anos, o que levou-a a começar a colaborar com o guitarrista Ben Phillips. Eles formaram uma equipe de compositores, e depois - com a adição do baixista Mark Damon e o baterista Jamie Perkins - uma banda real. Em 2010, The Pretty Reckless lançou seu álbum de estreia Light Me Up, liderado pelo principal hit single "Make Me Wanna Die", em que Momsen se transformou em uma afiada vocalista. Poucos provavelmente esperavam tanta dedicação dela - ela cantou cada palavra como se sua vida adolescente dependesse disso. Ela estava neste jogo do Rock para sempre.
E o grupo pagou suas dívidas. Eles tocaram na Warped Tour, abriram para o Evanescence, e ainda tocaram com o Guns N' Roses na Chinese Democracy tour. Até o lançamento do seu segundo álbum Going To Hell em 2014, onde TPR foi a atração principal das suas próprias turnês mundiais. E Momsen não era mais uma jovem de olhos arregalados. Agora ela já tinha visto de tudo, diz ela, visitou todos os países, e tem uma muito mais ampla - e mais sábia - perspectiva sobre o mundo. Ela aprendeu técnicas simples para sobreviver em turnê - beber muita água e dormir o máximo possível. "Então, eu não sei se eu aprendi necessariamente aulas, mas como eu estou ficando mais velha, tudo se torna um pouco mais claro, sabe?", Diz ela. Ainda assim, ela não estava preparada para a crise existencial que surpreendeu ela depois da extensa - e fisicamente esgotante - turnê mundial do Going To Hell.
Momsen voltou a Nova York, em seguida, para sua Batcaverna, totalmente gasta, drenada de toda sua energia criativa. Ela acha que isso acontece com um monte de artistas, ela diz - uma vez que você completa um grande projeto como um ciclo de turnê mundial, ou até mesmo termina um álbum ou qualquer grande trabalho, você é deixado com um buraco gigante em sua vida. Um abismo que muitas vezes o suga para baixo, até que a depressão se instala e você começa a questionar tudo. Sua própria auto-dúvida a deixou com duas enormes questões - "Quem sou eu?" perguntou-se, várias e várias vezes. E "Oque eu faço agora?" Lembrou-se de uma citação de um músico famoso, possivelmente Clapton, ela pensa. "Ele disse: 'Quando você fica com aquele buraco artístico, você o preenche com drogas e álcool'", ela relata. "Mas eu não tento fazer isso - eu tento preenchê-lo com mais arte, o que nem sempre é fácil. Então, quando chegamos das turnês, estamos todos muito sem ritmo e pra baixo".
Mas esta compositora tinha algo a dizer, e ela logo saiu de seu colapso, revigorada. Ela queria fazer um álbum orgânico com sua banda, sem quaisquer overdubs reluzentes, um rock clássico e honesto que desencadeou toda a sua fúria lírica reprimida. E uma vez que ela e Phillips sentaram-se para começar a escrever, as canções vieram rapidamente. "Por isso, foi provavelmente escrito em seis ou sete meses", lembra ela. "E eu acho que a epifania para mim foi colocada toda para fora nas canções - Eu estava me expressando através da nossa música, e quando você termina uma música - e ela é boa - é o melhor sentimento no planeta." Terminar Who You Selling For - finalmente receber cada faixa para ouvir perfeitamente no estúdio - também levantou o espírito de cada membro da banda. Momsen acredita que ela formulou tudo tanto na base máxima emocional quanto na sócio-política. Começando com o título que critica a sociedade consumista com suas garras afiadas em busca de sangue. O que está acontecendo de errado com o mundo de hoje? Ela acha que acertou em cheio.
O álbum se abre com pinceladas suaves de piano, suaves acordes de guitarra bluesy e Momsen em seu mais folclórico e contido canto, depois vem palavras reflexivas como, "No meio de um sonho na noite mais escura / Acordei em um grito, pensei que tinha perdido minha vista". A incrível "Bedroom Window" segue, onde ela friamente e clinicamente olha para fora do seu portal e murmura "Eu vejo o caos que está me chamando... é tudo real ou apenas fantasia? / Eu perdi o contato com o que me fazia humana... é tudo demais para mim". O hino mais animado "Living in the Storm" continua esse conceito ainda mais, com a vocalista rosnando: "Eles estão matando os cérebros de todos os meus amigos / Quando eu olho para dentro deles não há nada acontecendo". Assim como Lady Gaga, Momsen tem uma voz bluesy-balada, que pode acelerar ficando mais forte e diminuir ficando suave num piscar de olhos, como na pulsante-punk "Oh My God ", quando ela explode com "Eu queria ser um ser humano normal... Eu sou uma vítima da minha própria auto-estima". E ela pode cantar o blues como uma purista retro, em canções incríveis como "Already Dead" e "Back to the River "(featuring Warren Haynes).
E você não pode realmente cantar o blues, a menos que você o tenha vivido, Momsen entende. Será que ela lida com questões de auto-estima? Ela bufa. "Claro! Eu sou a pessoa mais insegura que você já conheceu em sua vida. Tudo me preocupa. Estou constantemente me questionando, questionando o mundo - eu questiono tudo basicamente todo dia. Eu duvido de tudo o tempo todo. Mas eu acho que isso é apenas parte do ser humano", acrescenta. "Eu acho que todo mundo se sente assim, às vezes, se não o tempo todo. E eu acho que é parte do que faz um artista. Se você não está questionando a si mesmo e você está apenas cegamente indo pra frente e ficando tipo "Estou ótima", então você nunca vai crescer. Você tem que empurrar a si mesmo constantemente para ser melhor, e duvidar de si mesmo faz você crescer como um ser humano, e como artista. Na banda, a quantidade de vezes que dizemos uns aos outros - e a nós mesmos - que estamos uma merda é a cada minuto. Porque isso nos impulsiona. Isso nos empurra a ser melhor".
Pergunto a Momsen sobre os males atuais da sociedade e ela vai correr para baixo em uma lista difícil, começando com a eleição surpresa de Donald Trump. Ela teme que os direitos das mulheres em breve estejam sob ataque com o gabinete pendente e a escolha do Supremo Tribunal. Ela (brincando?) menciona a possibilidade de se mudar para um país com o pensamento mais além. Ela adora Londres. Paris é sempre bom, e no Canadá não é tão ruim, apesar de seus invernos rigorosos, ela suspira. Então, nós estamos todos "vivendo na tempestade", como estranhamente o filme Mike Judge Idiocracy vai se tornando realidade, minuto a minuto. Ela acha que South Park também retrata essa angústia, especialmente no xenófobo episódio "Tomaram nossos trabalhos!" e no hilário "Guitar Hero", quando um pai toca Kansas em uma guitarra real para suas crianças obcecadas por video games e elas apenas olham vagamente para o dispositivo, sem noção de como fazer música de verdade.
Como será o som da The Pretty Reckless em seu próximo álbum, depois de dois anos teóricos do presidente Trump? "Oh, Deus", Momsen estremece, tentando não imaginar. "Mas já temos um monte de material, por isso estamos tentando fazer um pouco diferente desta vez." Isso é provavelmente a lição mais importante que aprendeu até agora, na verdade. "Ficar tanto tempo sem gravar nenhuma música nova começa a ser desgastante para nós, por isso estamos tentando não fazer dessa maneira desta vez. Vamos talvez gravar um pouco, sair um pouco em turnê, gravar mais um pouco. Em vez de fazer um ciclo de turnê brutal por dois anos consecutivos, sem criar nada de novo".
Mas ela começou a perceber que ela tem uma nova família ao seu redor, que exige dela ao máximo e também precisa de seu apoio. "É isso mesmo", ela ri, é sua própria banda, a The Pretty Reckless. Ela sempre jura que vai desaparecer, logo após cada turnê ou gravação. "Mas então dois dias depois eu estou chamando o nosso baterista, tipo, 'Hey, Jamie? - Você quer sair'", diz ela. "Porque isso é muito difícil e raro de encontrar, pessoas que você começa com que o pé direito - pessoas que são musicalmente e pessoalmente compatíveis com você. Nós brincamos que odiamos uns aos outros. Mas, sabe a verdade, no fim do dia? Nós morreríamos um pelo outro".
Tradução por Fc Cold Blooded.
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